Uma imagem frontal de uma mulher negra na frente de uma cabana feita de grama. Ela tem um sorriso tímido no rosto. 

Historia da Claudia

Dedicado a: Avó de Claudia, que faleceu recentemente

Sempre tive algo interessante na Claudia. Lembro-me perfeitamente da primeira vez que falei com ela. Eu estava a tomar um chá num café, durante a tarde dum domingo de Junho, e ela me ligou para pedir as indicações para chegar ao escritório o dia seguinte, o seu primeiro dia de trabalho dentro do nosso projeto. Não me pareceu muito feliz de começar o trabalho, e pensei que o dia seguinte iria ser muito difícil.

Ela entrou no escritório e não consegui sorrir a ninguém. Me perguntei porque, e me perguntei como poderia trabalhar tão próximo a uma pessoa que não gosta de sorrir. Fizemos o primeiro encontro, e eu estava preparada para um encontro difícil, com pouca vontade de aprender por parte dela… Esta foi a primeira vez (de muitas!) em que a Claudia me surpreendeu: ela estava pronta para começar o seu trabalho, para ler os documentos necessários e participar a todos os
encontros.

Durante o ano em que nos conhecemos, aprendi muito sobre ela. O sorriso que parecia tão irrealizável é, na verdade, um dos sorrisos mais lindos que vi na minha vida, talvez porque esta reservado pelas pessoas especiais. Aquele tono de voz que me fez pensar, na primeira telefonada, que ela não queria trabalhar, era apenas timidez. A Claudia estava pronta a sair de Benguela as 5 da manha para ir nos encontros nas comunidades.

No trabalho, ela aprendia muito rápido, e, na vida pessoal, se abriu lentamente comigo e com os outros colegas. Todos e todas encontramos nela uma pessoa inestimável e uma amiga realmente especial. As origens da Claudia são entrelaçadas entre Angola e Sao Tome. A avo por parte de pai chegou em Benguela no ano 1940 e viu a cidade crescer e mudar ao redor dela. O pai dela era de Luanda mais tinha passado um tempo em Sao Tomé por trabalho, antes de ser transferido a Benguela.

Filomena está no lado esquerdo da foto, enquanto Claudia está sentada ao lado dela, do lado direito da foto. Ambos têm microfones à sua frente e sorriem para a câmera.
Cláudia with Filomena, a locally famous radio presenter

O avo da Claudia também era São-Tomense, mais os dois se encontraram e casaram em Benguela. Mantiveram sempre os contatos com a comunidade São-Tomense de Benguela, mais nem a Claudia, nem o pai dela tiveram ainda a oportunidade de visitar a ilha. Claudia se considera uma verdadeira Benguelese, a pesar de (remarca) não ter um nome em Umbundu. Ela nasceu em 1986 e cresceu com os seus pais e a sua avo, que ficou com a família dela quando o marido faleceu. Quando perguntou a ela como foi crescer com a avo, Claudia me regala um sorriso doce e explica que foi ótimo receber os mimos não só dos pais, mais também da avo.

Quando a mãe da Claudia deu a luz a terceira filha no longo de poucos anos (a Claudia era a segunda), as cunhadas falaram que fizer tantos filhos em pouco tempo não era aceitável. Os pais da Claudia decidiram então não fazer mais filhos por 10 anos. Ao final deste tempo, recomeçaram, e deram a luz a mais 4 filhos. Na família da Claudia, então, tem 2 grupos de crianças, com uma diferencia de idade entre eles de mais de 10 anos.

Claudia e Henrique estão sentados à mesa de um restaurante e se inclinam um para o outro enquanto conversam. Claudia está de frente para a câmera, enquanto só vemos o lado esquerdo de Henrique, e sua cabeça está voltada para Claudia. Claudia tem um sorriso brilhante.
Claudia and Henrique

Claudia e Enrique estão juntos desde o ano 2004. Quando me conta da relação entre eles, ela parece muito orgulhosa e refere que, antes de encontrar o seu namorado, ela era muito influenciada pela família. Enrique ensinou a ela a mudar, a saber dizer “não” as vezes, e foi um grande apoio para ela. Quando ela estava no Huambo, ele iria a visitar cada 2 ou 3 meses. Claudia me repete muitas vezes que o seu parceiro é muito mais romântico dela, mais cada vez que me fala da relação entre eles, ela também me parece ser muito romântica

When telling me about her experience in Huambo (which lasted a couple of years), Claudia explains that it was an extremely positive experience, because it allowed her to learn a lot about life. She went to stay with a cousin and found a job as shop-keeper. Thanks to that experience, she managed to get back to Benguela with a clearer mind. She went back to live with her parents, but didn’t allow their problems to affect her too much, and she finished school.

Claudia conta da experiência no Huambo como duma experiência muito positiva, já que lê ensinou muito e permitiu a ela de voltar com uma mente mais clara. Acabou de fazer o ensino médio em Benguela, mais não conseguiu ir atras do seu sonho de ser educadora infantil.

Depois do projeto terminar, a Claudia decidiu que era o momento de voltar a Benguela e de ficar com Enrique, com quem tive mais 2 crianças. Os dois ainda não vivem juntos, porque a Claudia queria sentir-se livre, mais agora estão a construir a casa onde irão a viver juntos, porque sentem que é preciso educar os filhos juntos. A casa será pintada de cor amarelo, porque a Claudia liga o amarelo ao sol, e acha que o sol é vida. Enquanto isso, a Claudia vive com os pais delas e o Enrique vive com a irmã dele.

Uma imagem de uma baleia no mar. Somente o dorso e a barbatana superior são visíveis acima da água.
The famous picture of the whale shot by Henrique

Claudia ri em quanto me conta dum dos momentos mais divertidos da sua relação. Um dia, durante a temporada de baleias, os dois foram um dia a pescar com a embarcação do Enrique, e ele queria muito tirar boas fotografia das baleias. A Claudia, preocupada, perguntou se as baleias são ofensivas e ele respondeu – muito convencido – que não são, e mandou o motorista a ir próximo de uma baleia

No momento em que Enrique tirava a foto, a baleia começou a vir na direção da embarcação, e ele começou a gritar por medo. A Claudia ficou confusa, porque ele tinha falado que as baleias não fazem mal, e ficou muito calma em quanto fugiam. De toda maneira, Enrique ficou com uma foto da qual é muito orgulhoso.

Quando pedi a Claudia de re-ver o conto, ela me pediu para acrescentar uma coisa: o próximo ano, ela vai entrar na faculdade e fazer o curso de educadora infantil. Ela me explicou que, através do projeto sobre os direitos das mulheres que implementamos juntas, descobriu que nunca se pode desistir dos nossos sonhos.

Desejo a Claudia, e a tod@s @s leitores, de conseguir a realizar todos os seus sonhos!

Escrito por: Caterina Manzi